A revolução dos memes
A última semana, de 14 a 20 de dezembro, foi o que podemos chamar de “semana dos memes”. A começar pela prisão inédita na história de um general de quatro estrelas, por aquilo que é possível classificar como “crime de curiosidade”, até a alta do dólar. Tudo nos parece um grande meme, que transmite a ideia de como parte da sociedade enxerga os brasileiros.
Eu não sei você, mas me sinto como quem vive no mundo imaginário dos memes. Se, por um lado, me parece um meme a prisão do general que queria saber qual a razão de ser investigado, por outro a soltura do empresário acusado de fraudar mais de 68 milhões em contratos de licitações da saúde e educação, no Mato Grosso do Sul, é uma bela pintura. A questão do Braga Netto ganha outro meme, a saber: a ação movida pela deputada psolista, no TCU - Tribunal de Contas da União, pedindo a suspensão da aposentadoria do general enquanto o processo corre na justiça.
Outro grande meme pode ser visto em como parte da imprensa e do governo tratou ou tentou esclarecer a alta do dólar. Quem não se sentiu um idiota ao ver a mais poderosa empresa de televisão do país alegar que a moeda norte-americana subiu devido a um meme postado numa rede social? Ou, então, que a subida da moeda americana foi provocada pelos constantes posts que o presidente eleito Donald Trump fez, dizendo que vai demitir funcionários públicos durante o seu mandato? Haja meme para isso!
Poderíamos pensar no meme que melhor vai representar os membros do governo dizendo que a alta do dólar foi provocada pelo governo Bolsonaro. Talvez o melhor e mais engraçado dos memes poderia ter sido produzido e utilizado quando o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que o aumento do dinheiro do Tio Sam não foi provocado por ataques especulativos, mas por muitos outros fatores que podem contribuir com esse movimento. Enfim, para dar uma equilibrada, o Governo injetou mais de U$ 23 milhões no mercado para ter um meme que remeta a tranquilidade. Aqui vai um meme dizendo que “está tudo bem numa boa”.
Pior do que os memes supracitados, é pensar no meme que mais representa a cara do brasileiro quando entra no supermercado para comprar a tão sonhada carne do churrasquinho e vê que a “picanha prometida” está custando o preço de um rim humano; ou então, percebe que para encher o tanque de combustível do carro para viajar no fim de ano terá que esvaziar a barriga. Esse deve ser o meme mais trágico.
Por fim, a semana está terminando, mas ainda estamos em plena revolução dos memes e muitos vão surgir. Resta saber quando o meme “idiota” deixará de representar a face atual dos brasileiros.
Por Marcos Cruz